Cemtec explica como será o tempo em MS no mês de fevereiro.
Roupas e sapatos atrás da geladeira; bolsa com toalha, capa e miniguarda-chuva; ferro bem quente para secar as vestimentas ainda úmidas devido ao tempo instável: tudo é válido em dias de chuva em Campo Grande. A verdade é que, embora a previsão do tempo indique as precipitações, as famosas chuvas de verão são imprevisíveis e pegam os ‘desavisados’ de surpresa.
Para saber como os campo-grandenses lidam com os dias chuvosos, o Jornal Midiamax foi até o centro da cidade conversar com alguns moradores que, com muito humor, contaram como driblam os percalços causados pelas chuvas repentinas.
Conforme a vendedora de pipoca Rosângela da Silva Leão, de 54 anos, os últimos dias foram de pura imprevisibilidade. Se o tempo começa a mudar antes de sair de casa, fica mais fácil se organizar. No entanto, se a chuva começa quando já está no ponto de vendas, lhe resta torcer para que a água não venha acompanhada por ventania.
“Às vezes a gente está aqui e ela [chuva] vem do nada, não tem como correr pra lugar nenhum. Aqui a gente coloca a sombrinha e puxa o toldo, né? O que resta é torcer pra que ela não venha com vento, porque senão, a gente fica igual um barco à deriva no meio do mar, pra lá e pra cá. A gente corre atrás um pé de árvore, rezando pra não cair um raio”, conta.
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Lavar ou não lavar a roupa, eis a questão
Para o aposentado Dalvo dos Santos, de 85 anos, lavar roupa em dias chuvosos nem é uma opção, embora tenha um varal protegido na área de casa. Em sua residência, as roupas só vão para a máquina quando o sol intenso dá as caras.
“Com esse tempo tem que fazer dois varais: um no tempo e outro na área. Eu até tenho varal na área, mas eu não lavo roupa nesse tempo não. Esse mês que tá chovendo, fico o mês todo sem lavar roupa. Vou lavar daqui a dois meses”, conta Dalvo, com humor.
A chefe de cozinha Janeide Martins de Oliveira, de 67 anos, concorda. Lavar roupa não entra na lista de tarefas domésticas quando o tempo está úmido. “Nesse tempo a gente só mantém a casa limpa, mas não lava a roupa. Não tem como secar. Aí se lava, fica podre. A gente vai deixando acumular. Se não tem roupa limpa, não tem como, você veste a suja mesmo”, brinca.
Para Edilaine Flores, auxiliar de serviço geral, não tem como ficar sem lavar a roupa, porém, o jeito é apelar para a centrífuga. “Pra lavar a roupa em casa tem que passar na centrífuga várias vezes, porque a roupa úmida fica fedida”, pontua.
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O jeito é fugir da chuva
O dia até pode começar ensolarado, mas durante a tarde a chuva pode vir acompanhada de muita rajada de vento e nessas horas, mais que um guarda-chuva, é preciso rapidez para procurar um local fechado para se ‘esconder’ do temporal. Este, conforme o consultor de vendas Marcelo Antônio, de 30 anos, é seu macete em dias chuvosos.
“De vez em quando a gente sai de casa, o tempo tá a coisa mais linda. Quando você vê, o tempo muda do nada. O jeito é vir se escondendo nas guaritas que tem por aí, né?”, explica.
Embora ande bastante pelo centro, Marcelo lembra raramente de carregar consigo um guarda-chuva ou capa. Nestes dias, a criatividade é sua aliada. “A gente sai tudo desprevenido, quando vê já foi. Aí o jeito é se escondendo por aí, pingando e pingando. Chega aqui meio molhado, mas chega. Não tem como driblar a chuva, é inesperado! Quando você vê, já caiu. Você tá ali, virou as costas, tá caindo chuva, não tem o que fazer. O jeito é chegar em casa igual à moda antiga e colocar a roupa atrás da geladeira”, afirma.
Previsão para fevereiro
Conforme o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) de MS, de fevereiro a abril de 2025, Mato Grosso do Sul deve ter chuvas próximas à média histórica ou abaixo da média e calor próximo dos 30 °C.
No Estado, a média histórica da precipitação acumulada, ou seja, a chuva esperada para o trimestre fevereiro-março-abril, aponta que na maior parte do MS as chuvas variam entre 400 e 500 mm.
Nas regiões leste/nordeste e oeste do Estado, as chuvas variam entre 300 a 400 mm, de acordo com dados históricos.
Assim, segundo o modelo ensemble da WMO, para o trimestre que vai de fevereiro a abril a tendência climática indica probabilidade de que as chuvas fiquem próximas a ligeiramente abaixo dessa média histórica.
Temperaturas previstas
Em relação às temperaturas, na maior parte do Estado, variam entre 24-26 °C no período de fevereiro a abril.
Por outro lado, na região noroeste as temperaturas variam entre 26-28 °C e, nas regiões sul e sudeste do Estado, entre 22-24 °C.
Assim, segundo o modelo ensemble WMO, a tendência climática para esses meses é de que a temperatura do ar permaneça acima da média para o período.
Ou seja, há previsão de um trimestre mais quente que o normal em Mato Grosso do Sul.
Probabilidade de El Niño
Ainda segundo o boletim, a maioria dos modelos climáticos atualmente indica que a temperatura da superfície encontra-se abaixo da média no Oceano Pacífico Central.
Isso indica condições favoráveis para o fenômeno da La Niña, com persistência até abril de 2025. Assim, há chance de transição para condições de neutralidade durante o período de março a maio de 2025.
Já em relação à previsão do fenômeno Enos (El Niño Oscilação Sul), o modelo indica 59% de probabilidade para a ocorrência do fenômeno La Niña no trimestre de fevereiro a abril de 2025.
O Enos é um fenômeno oceânico-atmosférico de resfriamento das águas do oceano Pacífico e, por consequência, gera mudanças nos padrões de circulação atmosférica que impactam no regime das chuvas.
Vale destacar que não é apenas esta forçante climática que determina as condições gerais do clima e, de forma geral, sua atuação é indireta no clima de Mato Grosso do Sul.
*Com Marcus Moura
Imagem: Campo-grandenses se viram nos 30 em dia de chuva (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax) Fonte: (Jennifer Ribeiro)